terça-feira, 7 de outubro de 2014

DESAFIO DO FACEBOOK





Acompanho de longe, mas com interesse, essa onda de mulheres sem maquiagem. Acho bonitas as fotos de artistas famosas de cara lavada que estão aparecendo na imprensa e de mulhers anônimas no facebook. Há uma simbologia de pureza no gesto de limpar o rosto. É como tirar a máscara, tirar a roupa, mostrar-se de verdade. A postura me agrada, como me agradam as mulheres que não alisam os cabelos ou não se depilam de forma exagerada. Nesse mundinho tomado por plásticas, escovas progressivas e blogueiras de moda, há um quê de rebeldia nessa atitude, uma espécie de basta às múltiplas exigências sobre a aparência feminina.

Pondo de lado a sociologia, acho que a ausência de maquiagem produz uma forma de beleza mais interessante.
A maquiagem do rosto e da alma, embora diferentes, expressam a mesma tendência. Uniformização. Existe uma força ao nosso redor pressionando as pessoas para ficarem iguais. Olhe em volta: não é apenas a tatuagem e os cabelos. Não são apenas os corpos que vão se tornando indiferenciáveis. É o comportamento, são os hábitos, os gostos. Até valores. Temos a impressão de expressar nossa individualidade nas redes sociais, mas ao fazer isso apenas agimos como todos os demais. Como bilhões de outros.

Se a maquiagem torna as mulheres parecidas umas com as outras, a imitação de comportamentos em série cria padrões em escala planetária. Em 10 anos, se continuarmos na mesma onda, as pessoas terão as mesmas caras em dirão as mesmas coisas no mundo inteiro. Eu sou contra. Prefiro a minha mulher de cara lavada. Prefiro as minhas ideias e as ideias verdadeiras e originais de quem convive comigo. Somos diferentes, afinal. Temos cores, peles, olhos e formatos diferentes. Sentimos de maneira única, reagimos de maneira peculiar, temos cada um a sua própria história. Por que não cultivar as diferenças que nos fazem humanos em vez de inventar semelhanças que nos desumanizam? Fica a pergunta, sem maquiagem.



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