Virou moda falar mal dos homens que têm muitas parceiras.
Num mundo em que a opinião das mulheres é cada vez mais importante, o sujeito
comedor, galinha, cafajeste e sem vergonha tornou-se uma espécie de inimigo
público número 1. É o tipo de homem que as mulheres não desejam para a sua
amiga, odiariam ver ao lado da filha, mas, quem sabe, talvez ficasse bem no
sofá da sua própria sala, ou naquela mesa firme da cozinha... Mas, bem, eu
estou me adiantando.
O que eu queria dizer, primeiro, é que esse julgamento
severo contra os sedutores esconde moralismo raso e uma forma utilitária de ver
o mundo.
Obviamente, o sujeito que transa com todas as mulheres conta
com a cumplicidade delas. Um galinha só consegue ser galinha porque muitas
mulheres gostam dele. Elas disputam a sua companhia e lhe abrem a porta da sua
intimidade. Em qualquer grupo de amigos ou local de trabalho, todo mundo sabe
quem é o cara que pega todas as garotas. Se ele continua pegando é porque elas
gostam – então é o caso de assumir a responsabilidade moral por isso, em vez de
jogar a culpa no sujeito. O século XXI não é o das coitadinhas.
Aqui começa a segunda coisa que eu gostaria de dizer: os
caras que seduzem as mulheres não são todos iguais. Há pelo menos dois tipos
básicos, que têm pouco em comum entre si, mas costumam ser injustamente
confundidos.
O primeiro, que as mulheres realmente desprezam, é o
carente. Ele pode ser bonito e bom de conversa, mas é, fundamentalmente, um
cara que precisa patologicamente de atenção. Sexo com ele é secundário e,
segundo eu ouço, de segunda linha. O carente corre atrás das mulheres porque
não se aguenta sozinho por cinco minutos, não porque goste especialmente delas.
Se você deixá-lo no restaurante, vai xavecar a garçonete. Se você for ao
banheiro, ele vai dar em cima da sua mulher. O cara é compulsivo, um bebezão
desamparado que estica os braços para toda mulher bonita que passa. Diz e faz o
que for necessário para ganhar um colinho, depois tchau.
Esse tipo de sujeito, na verdade, não presta muita atenção
na mulher dele. Não por muito tempo, ao menos. Ele está preocupado demais
consigo mesmo e com a próxima mulher da vida dele, que acabou de passar pela porta.
Por isso a fila anda tão rápido. Ele precisa renovar seus objetos de afeto para
manter o interesse. E as mulheres também não o aguentam por muito tempo. Na
intimidade, esse tipo de cara parece ser um saco de problemas, que elas logo se
cansam de carregar. Ou não... Conheço mulheres que ficaram apegadas por longo
tempo, sofrendo como personagem de novela. Voluntariamente.
Esse Dom Juan infantil e compulsivo pouco tem a ver com o
segundo tipo de sedutor, os caras que gostam muito das mulheres. Esses são
minoria em relação aos carentes e herdam parte da má reputação que eles
constroem. Mas não deveria ser assim. Como qualquer mulher que já se envolveu
com um deles pode atestar, o cara que gosta muito das mulheres costuma ser uma
excelente experiência, por várias razões.
A mulher é a prioridade dele. Enquanto os outros homens se
distraem com trabalho, futebol e leitura, esse sujeito investe o tempo e a
admiração dele no sexo oposto. Liga, frequenta, cultiva. Tem energia para sair
de noite, para esticar a conversa, para transar quando os outros já estão
dormindo. Ele mantém o foco. Não há risco de que fique no sofá, vidrado na TV,
enquanto a gatinha espera na cama de camiseta e calcinha. Nem vai acontecer
daquele fim de semana passar em branco porque ele está exausto. O cara gosta
demais do corpo, do jeito e do cheiro da mulher para permitir que ela se
entedie. Para ele, cada momento de intimidade com ela é uma festa.
Esse tipo de sedutor tem sucesso entre as mulheres porque é
autêntico. Ele não finge sentimentos que não tem nem faz promessas que não está
disposto a cumprir. Joga limpo e entrega a mercadoria que promete: muita
atenção, sexo intenso e, quem sabe, um bom romance.
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