sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

MAQUIAVEL


Dito de forma direta, o que quero dizer hoje é: ninguém está nem aí para corrupção em política. Nenhuma classe social. Nem rico, nem pobre, nem culto, nem artista, nem inteligentinho. Pega bem dizer que se está, mas é pura firula. Coisa de burguês. A prova é que com ou sem Petrobras, no final, será servida uma grande pizza.

Escândalos se acumulam, mas ninguém está nem aí. Justificativas sustentam toda e qualquer defesa de políticos ou partidos corruptos ou suspeitos de corrupção.
 Sim, são afirmações céticas. O senso comum pensa que ser cético é duvidar da existência de Deus. Isso é ceticismo de criança. Qualquer um duvida da existência de Deus. Quem se leva muito a sério por isso é que é meio bobo.

E a razão pra ninguém estar nem aí para corrupção é que nossa relação com a política não é racional, como dizem que é. Somos mais facilmente racionais quando compramos pão francês do que quando pensamos em política..
 Não existe essa tal de consciência política, mas sim simpatias, empatias, interesses, taras, fanatismo que travestimos de "consciência política".
 A única racionalidade possível na política é a de Maquiavel, que continua sendo o filósofo da política mais sério até hoje: a razão da política é a conquista e manutenção do poder a qualquer custo.

Desde o século 18 e a falsa afirmação de que a política redimirá o mundo (pecado do Rousseau), abriu-se um novo "mercado" das mentiras políticas: aquele que diz que a política pode ser "ética".

A democracia tem uma vocação para a retórica, já dizia Platão. Mas, reconheçamos, não há regime melhor. Nela, o circo das "escolhas éticas" se acumulam ao sabor do marketing e das justificativas do que preferimos.

Não votamos racionalmente. Votamos porque (na melhor das hipóteses) algum candidato ou partido concorda, mais ou menos, com a "pequena" teoria de mundo que temos.
Se acho um candidato "fodão", arrumo razões pra votar nele. Se acho que o Brasil precisa de um modo de vida "x", arrumo alguém que pareça concordar comigo. Se acho o candidato alguém comprometido com a "justiça social", ele pode até roubar. Se busco santos, direi: o Brasil precisa de um choque de sinceridade na política.

A crença de que exista racionalidade na política é tão necessária para a maioria das pessoas hoje quanto Deus é necessário para uma porrada de gente. Os não-religiosos creem que olham o mundo de modo mais racional porque não acreditam num ser invisível entre tantos outros. Mas, acreditar que exista uma coisa chamada "consciência política" é também um ato de fé.


Suecos votam para garantir seu tempo livre. Americanos para defender seu quintal. Argentinos por masoquismo. Franceses para garantir a aposentadoria. E brasileiros votam porque querem Mais Bolsa Família e mais bolsa empresário. Em mil anos rirão de nossa fé na democracia.'

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