sábado, 28 de julho de 2012

AGOSTO


preciso aprender a ser menos. Menos dramático. Menos intenso. Menos exagerado. Alguém já desejou isso na vida: ser menos? Pois é. Estranho. Mas eu preciso. Nesse minuto, nesse segundo, por favor, me bloqueie o coração, me cale o pensamento, me dê uma droga forte para tranqüilizar a alma. Porque eu preciso. E preciso muito. Eu preciso diminuir o ritmo, abaixar o volume, andar na velocidade permitida, não atropelar quem chega, não tropeçar em mim mesmo. Eu preciso respirar. Me aperte o pause, me deixe em stand by, eu não dou conta do meu coração que quer muito. Eu preciso desatar o nó. Eu preciso sentir menos, sonhar menos, amar menos, sofrer menos ainda. Aonde está a placa de PARE bem no meio da minha frase?
Afinal a alma só se preenche com silêncio, algum poema, um conselho, beijo de mãe quando se dorme, uma reza sincera ao anjo da guarda, um amor que é eterno e raro de se achar.Drummond escreveu que a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional. Um verso bonito, além de sábio,agosto simboliza mudança no meu caso perda da minha mãe e o encontro do amor, um amor novo,não acredito em reencontro e amores passados, Da minha parte, tenho a responder que não acredito mais em segunda chance. Já fui um crente fervoroso na volta do amor perdido, durante um tempo, essa crença foi o São Sebastião da minha vida – mas hoje vejo essa esperança como quimera e fantasia. Uma ilusão paralisante. Na melhor das hipóteses, acho a ressurreição da paixão é uma possibilidade remota.É uma delícia começar um novo amor e ter 90 dias de encantamento grátis. A descoberta, a magia, o ardor provocados pela paixão nova são insubstituíveis. Quando as coisas começam, há sempre a possibilidade de que desta vez seja maior, mais intenso, mais espetacular do que antes. Quem sabe agora é para sempre.

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