terça-feira, 28 de agosto de 2012
ASCENSÃO DA CLASSE GG
Enquanto muitas mulheres lutam contra a própria natureza na tentativa de se enquadrar em padrões de beleza inatingíveis, o Brasil vive outro movimento, crescente e no sentido oposto: a rebeldia das gordinhas.
As ruas e as praias estão cheias de mulheres rechonchudas vestidas com estampas, cores, decotes generosos, pernas de fora. Elas se deram o direito de gostar do corpo que têm. E, principalmente, de exibi-lo. Quando entram nas lojas, não aceitam mais a monotonia do preto.
Não faz muito tempo, eram desprezadas. As vendedoras, quase sempre magrelas, lançavam olhares cruéis e deixavam claro que ali não havia lugar para aquelas clientes. Enquanto as gordinhas eram minoria, essa foi a regra.
Em 2012, vivemos outro momento. Quase metade da população (48%) pesa mais do que deveria, segundo uma pesquisa feita pelo Ministério da Saúde em 2011. Os gordinhos já são maioria na população masculina. Em várias capitais, o excesso de peso é a regra entre os moradores de ambos os sexos.
Preta Gil, quem diria, agora é garota propaganda da C&A. Foi escolhida porque o mercado e as consumidoras a enxergam como uma perfeita representante da mulher brasileira. Em julho, a rede de lojas lança uma linha inspirada nela. Os tamanhos vão de 46 a 56. Há indícios desse fenômeno também na cultura pop. O excesso de peso não impediu que a musa do tecnobrega Gaby Amarantos estourasse como cantora pop.Novos tempos. A aceitação dos gordinhos e dos obesos está aumentando. Lentamente, mas está. Essa tendência não está, necessariamente, ancorada em princípios elevados como o respeito à diversidade. Não se trata de aceitar o diferente, mas de aceitar a si mesmo. Cada vez mais, os diferentes são os magros.
Há algo de libertador na valorização da beleza real, mas ela não é isenta de riscos. O pior deles é a apologia da obesidade. Essa é uma das doenças das mais graves. Está relacionada às principais causas de morte no Brasil. Ela provoca diabetes e doenças cardiovasculares como infarto e derrame.
Se todos devem ser preocupar com a saúde, os gordinhos devem ser preocupar ainda mais. Lutar para perder o peso que ameaça a qualidade de vida e nunca esquecer que é melhor ser um gordinho ativo que um magro sedentário. Essa deve ser uma preocupação permanente, mas não precisa ser opressora. Que os primeiros sinais emitidos pelo mercado e pela cultura pop se confirmem e que o respeito se multiplique.
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