sexta-feira, 5 de julho de 2013

PERFEIÇÃO

Gente perfeita não precisa dos outros. São tipos como você e eu que necessitam das qualidades dos parceiras. Elas nos emprestam organização, paciência e disciplina, em troca de humor,
 espontaneidade e imaginação. Elas nos dão coragem quando somos covardes, nos acalmam se estamos em fúria e elucidam, com a sua inteligência, tramas que nós seriamos incapazes de enxergar. Elas não são melhores do que nós, mas são diferentes – e isso, boa parte das vezes, é essencial.
Enfatizo tamanha obviedade porque estamos sufocados pela ideia de perfeição. Para garantir a nossa posição no relacionamento (e no mundo) temos de ser bonitos, inteligentes e bem-sucedidos. além de totalmente independentes, claro: estou com você porque eu quero, não porque preciso, entendeu? precisar do amor e da atenção do outro é feio
As pessoas tornaram-se vigorosamente individualistas. As virtudes do século XXI são aquelas 
do sujeito solitário e decidido que se impõe a um mundo amorfo. Pense nos heróis da nossa
 época: Steve Jobs, Neymar e até a presidente Dilma. Eles fazem tudo sozinhos, não fazem? O resto da empresa, do time, do governo, existe apenas para executar sua vontade onisciente ou para permitir que ele ou ela exerça o seu gênio autoritário.
Esse mito – da pessoa que não precisa de ninguém - é uma falsidade que invadiu o nosso modo de pensar. E até a nossa intimidade. Agora, todos seremos gênios solitários. Ou pelo menos burros independentes. Bonito é não precisar emocionalmente de ninguém.

Acho isso tudo uma babaquice, claro. Nós precisamos dos outros. Sempre. Do cara que nos vende o bilhete de metrô à mulher que nos abraça no meio da noite, somos profundamente dependentes das pessoas que nos cercam. Sem as ideias e os sentimentos alheios o nosso próprio mundo não avança – e não há nada de errado em admitir isso. 

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