terça-feira, 7 de janeiro de 2014

DISTÂNCIA


Acontece com tudo mundo, não há como negar. Um dia você encontra aquele rapaz belo, forte, inteligente, graduado em duas faculdades ou aquela linda mulher dos sonhos de sua mãe. Isso mesmo, aquela moça de família, que conhece de moda, política, discute religião, assiste futebol, curte um bom filme  e adora um vídeo de rock para relaxar. Perfeito, não? Mas há um detalhe: ela mora do outro lado da cidade, do país, do planeta, da galáxia. E agora, o que fazer se ainda não inventaram o teletransporte?
         Há quem acredite que o amor à distância é furada. Para os mais céticos, eu pergunto o que é melhor para abrasar um fogo: uma tonelada de toras ou um pouco de vento? Assim como o vento ao fogo, a distância só inflama o amor. Ela o torna forte, robusto, fervoroso, interessante. A distância é o catalisador do amor. Ela acelera o seu crescimento e faz com que se conheça a sua verdadeira identidade. É fácil amar o belo que mora na casa ao lado. Difícil é namorar o desajeitado do município vizinho.
         Mas aí o fulano pergunta: "Vocês se verão quando?" A Mariazinha, aquela encalhada do seu trabalho, questiona: "Você não tem medo de ter mais chifres que um alce?" Você não sabe o que dizer, mas é bem simples. Se traição fosse questão de distância, não se iria com a vizinha piriguete para a cama da esposa. Se ter contato físico constante fosse indispensável ao amor, não haveria tanto casal mal se o olhando um na fuça do outro. O amor é feito do invisível. Ele quebra todas as barreiras e paradigmas, extrapola o que é aceitável. Então, cara pálida, você já sabe o que responder. Usar distância e traição como desculpa para não iniciar uma relação é coisa de gente abitolada e encalhada.
         Aí você toma coragem, vence os preconceitos e começar a namorar o Pedrinho, esse mesmo, o que mora lá na Indonésia. Passam-se dois dias, três, uma semana e a saudade começa bater à porta. Bater não, arrombar a porta. O desespero vem a galope e se torna insuportável ficar longe dele. Para variar, a Setembrina, aquela tua amiga que está até com teia de aranha na língua, diz: "Parte para outra. Quem te garante que ele não está matando a saudade e carência com qualquer uma?" E é verdade, quem te garante? As pessoas são falhas, mas quando se ama, confiança e respeito são indispensáveis. Só o amor é capaz de vencer a saudade e o medo. Só o amor é capaz de vencer a insegurança e língua grande da sua amiga intrigueira. Só o amor supera tudo.

         Então, se te aparecer aquela gata no estilo Megan Fox com cérebro de Kara Cooney, mas que mora lá no Oriente Médio, desencana é vá atrás do que se quer. Para quem ama, a menor distância entre dois pontos é um coração.

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