Outro dia, conversando com uma senhora, , sobre seus
interesses em computador e internet, ela disse que gostaria de aprender mais
sobre compras online, edição de fotos, sites de buscas, e outros itens que
considerava úteis para sua vida, menos redes sociais. Quando perguntei a razão,
ela não soube responder ao certo o porquê, disse apenas que não se interessava.
Esse episódio me fez pensar, e me lembrei de já ter lido num
texto que a internet está promovendo o enclausuramento humano, deixando que as
relações cara a cara, corpo a corpo, se limitem aos posts eventuais, e que as
pessoas se “escondem” atrás de suas máquinas, separadas do convívio e isoladas
em si mesmas, vivenciando relações superficiais através das redes sociais
Analisando minha vida, a vida das pessoas, a luta diária que
inunda cada cada uma, constatei que, o que realmente separa, isola as pessoas umas
das outras é a própria vida. A vida que levamos, a vida que nos leva dia a dia
mais longe de nós mesmos, mais longe dos pequenos prazeres e das conversas à
toa que lotavam as calçadas em décadas tão distantes, que até parecem pertencer
a uma “outra vida”.
Abri, então, minha página no Facebook, e dei uma boa olhada nos
grupos em que estou inscrito, nas pessoas que fazem parte da minha rede. Tenho
uma prima em Minas, outra em aão paulo e ainda um parente recife um amigos nos estados unidos. Sabe há
quanto tempo não sabia da vida deles? Anos, quase uma vida. Tenho amigos muitos
queridos que encontrava sempre, viajávamos, bebíamos, agora estão na fase de
filhos pequenos, bem diferente da minha. E aí penso em tantas pessoas
distanciadas pela vida, tanto física como psicologicamente, isoladas e
enclausuradas em suas vidas.
No entanto, hoje me sinto mais perto de todos eles. Todos os
dias temos um encontro marcado. Acompanho suas vidas, a mais nova gracinha de
seus filhos, onde estão, o que comeram e continuo viajando com eles. Onde? No
único local democrático e aberto 24 horas, a internet e a rede social.
Sim, basta digitar em meu browser e rapidamente me conecto a
eles, a suas vidas. Seja um acontecimento inusitado ou absolutamente
corriqueiro do dia, nos falamos, rimos, discutimos e compartilhamos o que
pensamos, dando continuidade e retroalimentando o relacionamento. É bom, é
divertido e dá uma gostosa sensação de continuidade da amizade.
Nada passa despercebido da rede, nenhum acontecimento fica
isolado ou esquecido. Meus antigos colegas de escola têm uma comunidade, meus
grupo de dança associação fotos, vídeos e chamegos, meus
parentes distantes me lembram de onde eu vim. Nunca me senti tão inserido em meus grupos, tão perto da minha família. Só
o fato de curtir um post já declaro “ai amigo, estou aqui com você, estaremos
sempre juntos”.Numa dessas tardes corriqueiras minha mulher fez um inocente pudim de leite.
Ele ficou tão perfeito, eu tão orgulhoso de seu pequeno feito, que não resisti, tirei
uma foto com meu celular e postei. Que bobagem…acha mesmo? Nada menos que uns
10 posts de amigos fizeram o pudim muito mais gostoso!
Claro, sempre que possível, marcamos um encontro cara a
cara…difícil é conseguir compatibilizar nossas vidas mas, vai lá, até que
conseguimos nos ver também. E aí a amizade continua, os laços se reforçam e
seguimos nossas vidas, separadas pela vida, mas unidas como nunca no
ciberespaço.
Então é isso, as amizades existem, estão no plano físico,
mas também estão nas redes sociais, sendo reforçadas e confirmadas. Cabe a nós
sabermos dosar, identificarmos o momento do calor do abraço e o momento do
afago virtual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário