A mulher vive sonhando e idealizando um amor, uma paixão.
Quando a idade chega e ela não o tem, porque nunca teve, ou teve e perdeu, ou
apenas vive uma relação morna em um casamento estável com um amor sublime e
fraternal, mas sem paixão é que o sonho vira um desejo, um devaneio, um calor
que a consome, a vontade de vivenciar as emoções que uma paixão que um amor
trazem... Onde foi parar aquela menina romântica e apaixonada que sentia o
bater do coração acelerar, o brilho nos olhos aumentar, a beleza transparecer
no rosto, no sorriso, no corpo e na alma? A felicidade de saber-se ainda
mulher, sedutora, fêmea capaz de despertar paixões e desejos? Com essas
questões ela parte em uma busca desesperada e determinada, como se isso fosse
vital. Mas a vida lhe reserva algumas opções, emoções e surpresas
Separada ou sem nunca ter se casado quando a carência a
atropela ela se depara com uma realidade muito cruel: só lhe é permitido viver
isso com homens casados ou rapazes solteiros de pouca idade que, por
curiosidade, a querem para saber o que uma mulher madura pode lhe oferecer e
ensinar...
Com os solteiros e mais novos, ela pode até sonhar, mas logo
será acordada porque, mesmo sendo inteligentes, carinhosos, cultos e sedutores,
a curiosidade vai passar e a diferença de idade lhe traz para a realidade de
uma forma quase brutal. Por isso vive essa relação sem se envolver e evita
despertar os sentimentos que busca.
Com os mais maduros, inteligentes, cultos e sedutores ela
logo sabe que não lhes pertence ou pertencerá jamais - são casados e ela será
“a outra”, “a amante”.Fazer o que? A família deles é intocada e a você cabe o
papel da outra, muito tranqüila, compreensiva e disponível... Vai viver
momentos de muito prazer, a paixão que tanto queria está na sua mão. Se sente
maravilhosa... Vive um sonho breve mas um sonho... E acorda para uma realidade
que não é bonita nem feliz...
Ser a outra, a amante, como isso pode ser encarado com
naturalidade por alguém que sempre foi anfitriã ou que almeja ser? Por que iria
ficar na sombra esperando o banquete acabar para se servir de restos? Uma rainha
não perde seu cetro assim!!!E é exatamente isso que gera conflito. A nobreza é
algo interno, está na alma, na postura, nos atos, na cultura, nas crenças. Ao
se contentar com isso em breve achará normal, nos acostumamos com tudo na vida
até mesmo com coisas e situações que não nos satisfazem, tiram o brilho dos
olhos e a nobreza de espírito -sentimento desconhecido por quem vive de
restos...
Por que se contentar com migalhas em um casebre sem luz do
sol quando pode se servir á vontade no banquete de um castelo cheio de vida e
luz? Por que viver a margem de algo ou alguém quando pode ser o centro de tudo?
Por que ficar esperado que lhe destinem vintém de um tempo precioso, ao qual
não tem nenhum direito e, por isso, deve se alegrar, quanto pode ter todo um
tempo dedicado a você e pedir mais a qualquer momento que a carência necessite?
Os românticos amantes diriam: pelo silêncio cheio de
significado, o bater do coração acelerado, o pulsar da vida, o ficar sem
palavras e tudo dizer, a beleza dos corpos que se unem, a ânsia das bocas que
se buscam, para sentir a sua essência vital se perder e seu corpo se regenerar
ao receber um sopro de vida puro, intenso e mágico que fazem tremer todo o
universo que os cerca... Um universo particular, único e perfeito nos breves
momentos que nele se instalam...
Eu questiono: Será que um coração pulsa ou sangra em uma
situação desta? Será que ficamos sem palavras porque não temos com quem falar
sobre o que vivemos, passamos e sentimos? Menos ainda sobre as lágrimas que
rolam silenciosas na noite solitária onde a realidade lhe crava o peito sem
nenhuma piedade?
Amantes românticos retrucariam: “Ou será que ficam sem
palavras porque as bocas estão sendo saciadas por um beijo, que tira as
lagrimas, faz sentir o coração bater em um ritmo acelerado que na noite
solitária para os outros, será noite de realidade cravada no coração da lua e
no peito das estrelas, ou apenas um devaneio de nossas vidas, passando como se
fosse o vento entrando pelas frestas da alma.
Aqui entra o conflito de emoções: razão x coração porque não
existe paixão na razão, nem razão na paixão. Sentimentos antagônicos permeiam a
alma dessas mulheres: a segurança tranqüila de uma vida sem emoções ou a viver
em uma montanha russa onde amar e sofrer são verbos que regem seu dia a dia?
Escolher a racionalidade e segurança ou o coração e os anseios que ele traz? A
vida sem graça e protegida ou a que alterna um arco-íris e o cinza de um dia
chuvoso? Não ter netos e filhos que lhes perpetuem e ter lembranças deliciosas
da vida que viveu ou olhar seus netos e filhos e desejar que eles sejam mais
audaciosos do que foi e por isso mais felizes?
Não existe uma única resposta para essas questões, cada ser
humano é único e livre para realizar suas escolhas. Apenas o momento, a forma
como vive e sente a vida vão determinar como ela será vivida. Escolhas nos são
pedidas a todo instante e viver momentos inusitados de sonho e talvez sofrer ou
se manter íntegra na racionalidade e segurança e talvez feliz, são conflitos
que se unem e formam a grande pergunta: o que vai sobrar quando o tempo/idade
versus viver/passar pela vida versus segurança/aventura já tiverem sido
determinadas e vivenciadas? Alguém pode responder?
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