Nem só os gênios e profetas estão sujeitos a iluminações
súbitas. Às vezes, gente normal como você e eu enxerga, repentinamente, a
resposta a um problema com que vinha se debatendo há anos. Aconteceu comigo
outro dia, numa mesa de bar. Em meio a uma conversa masculina cheia de ironias,
sobre as vantagens e desvantagens de namorar, percebi que havia
fundamentalmente duas maneiras de olhar para os relacionamentos. Em cada uma
delas, havia um tipo essencial de homem: os que esperam e os que procuram.
Homens que gostam de namorar estão no mundo ativamente em
busca da mulher da vida deles. Qualquer uma que atravesse seu caminho é
candidata ao posto. Cada relacionamento que estabelecem é parte dessa busca.
Eles não têm problema em criar laços ou manter relações. É isso é o que sabem
fazer. Sua missão existencial é viver os relacionamentos de forma íntima e
duradoura, como se fosse, cada um, um casamento. Dessa maneira são felizes.
Vivem um afeto após o outro como se fosse único, em busca do grande amor. São
românticos.
O outro tipo de homem não procura. Ele espera. Acredita que
um dia aparecerá uma mulher que mereça mudar a sua vida. Enquanto isso não
acontece, não tem nenhuma pressa. Diverte-se, descobre, seduz e se deixa seduzir.
Impõe limites claros, embora subjetivos, à duração e intensidade dos
relacionamentos. Com ele, as coisas não viram casamento sem querer. Nem
namoros, na verdade. Ele gosta demais de mulher para se entregar facilmente a
qualquer uma. É um romântico à espera da criatura irrecusável.
Não sei o que leva cada tipo de homem a ser como é. Minha
teoria – infundada cientificamente – é que tem algo a ver com a importância
relativa da mãe e do pai na vida de cada um. Homens com pais presentes, de
personalidade forte, tendem a lidar com as mulheres de forma mais tranquila e
menos urgente. São os que esperam. Homens que cresceram sob forte influência
feminina parecem ter pressa em criar laços e estabelecer relações estáveis com
as mulheres. São os que procuram. Por que as coisas são assim, e não ao
contrário, é explicação que cabe aos psicanalistas.
Talvez seja útil para as mulheres observar os homens em quem
estão interessadas sob a ótica dos dois tipos. Pode ajudar a entender a atenção
ou desatenção que recebe.
Se um cara do tipo que que procura dá sinais precoces de
estar interessado num relacionamento, isso não significa necessariamente que
esteja apaixonado. É apenas o jeito dele de lidar com o sexo oposto.
Estabilidade e confiança é o que ele tem a oferecer. Da mesma forma, o assédio
sufocante de um homem do tipo que espera não quer dizer que ele deseje um
relacionamento. Ele mostra interesse, mas isso não significa atenção no dia
seguinte ou na próxima semana. Ao conhecer esses tipos, as mulheres podem
escolher do que gostam, de acordo com suas próprias inclinações. É provável
que, por baixo das convenções sociais, também as mulheres se dividam em tipos
emocionais distintos quando se trata de relacionamentos. Algumas são
aventureiras e desapegadas, outras são namoradeiras e casadoiras. Todas, como
os homens, românticas à procura de um final feliz para si mesmas.
Homens e mulheres de todos os tipos talvez devessem
considerar que o grande amor dos românticos não nasce em árvores. Nem cai como
maçã nas nossas cabeças. A mulher ou o homem da sua vida não é uma fatalidade
cósmica. É resultado de uma escolha. Num dado momento, a gente decide, no
silêncio do nosso coração e da nossa mente, que é chegado o momento de amar e
de se vincular. Quando nos permitimos isso, a pessoa aparece – para tipos que
esperam, para tipos que procuram, para aventureiras e casadoiras. A escolha, no
fundo, é sempre nossa. E isso é mais romântico do que parece.
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