quarta-feira, 23 de setembro de 2015

PENSAMENTOS





Se eu pudesse eu voltaria no tempo, Só pra lhe ver crescer lentamente lhe ver correndo pela casa Brincando com suas amigas Alegrando as minhas manhãs que eu esperava ouvir, era você pedindo colo Mas você veio e me  falou do  seu enxoval os filhos nascem, crescem e se casam E chegou o tempo da minha filha se casar, Quanto tempo a gente perde na vida? Se somarmos todos os minutos jogados fora, perdemos anos inteiros. Depois de nascer, a gente demora pra falar, demora pra caminhar, aí mais tarde demora pra entender certas coisas, demora pra dar o braço a torcer. Viramos adolescentes teimosos e dramáticos. Levamos um século para aceitar o fim de uma relação, e outro século para abrir a guarda para um novo amor, e já adultos demoramos para dizer a alguém o que sentimos, demoramos para perdoar um amigo, demoramos para tomar uma decisão. Até que um dia a gente faz aniversário. 37 anos. Ou 41. Talvez 48. Uma idade qualquer que esteja no meio do trajeto. E a gente descobre que o tempo não pode continuar sendo desperdiçado.
Deus tem sido maravilhoso comigo, nem sei se mereço tanto. Quando olho para traz e lembro de tudo que já desejei, descubro que de uma forma ou outra já vivi, já conquistei, e não sei bem o por que, tenho a sensação de que devo ter muito cuidado com meus desejos, porque eles sempre se realizam .
Casamento da filha e ficando mais velho trás uma certa instabilidade É comum ouvir mulheres reclamando sobre o que seria uma injustiça básica da natureza, aquela que faz com que os homens “envelheçam melhor”.
Elas olham para os nossos cabelos brancos, para as rugas ao redor dos nossos olhos, e concluem que essas coisas nos caem bem – as mesmas coisas que, nelas, são percebidas como sinais detestáveis da passagem do tempo.
Na condição de um sujeito que começa a ficar grisalho e que só enxerga as rugas ao redor dos próprios olhos quando põe óculos de leitura, eu gostaria de dizer algumas coisas sobre esse assunto.
A primeira é: obrigado. Obrigado às mulheres por serem generosas e encontrarem charme nos sinais de decadência que nos assustam.
A gente olha no espelho e fica contrariado com o que vê, mas o olhar de vocês, de alguma maneira, sinaliza que está tudo bem – que ainda somos desejáveis, embora já não sejamos jovens.
Acontece que envelhecer não tem apenas dimensão social e tampouco se trata de uma mudança apenas de aparência. É uma experiência pessoal e íntima.
Cada um sabe a idade que tem, embora os outros possam não perceber ou não se incomodar. Ter 40 anos e aparência de 30 não é o mesmo que ter 30 anos. Interiormente é diferente – e ainda bem que é. Nem imagino como seria ter 30 anos para sempre. Ou ter qualquer idade para sempre. Ou viver para sempre. A palavra “sempre” é contrária ao que nos faz humanos.
Lidar com a passagem do tempo, portanto, é algo que cada um de nós tem de fazer sozinho - e os homens fazem isso muito mal.
A imprensa nos conta e a experiência confirma que há muitas mulheres obcecadas em manter uma aparência juvenil depois que a juventude ficou para trás. Mas os homens, embora mais relaxados com a própria aparência, também travam a seu modo uma batalha perdida contra o tempo. Uma batalha subjetiva.
Boa parte dos homens insiste em resistir aos efeitos da idade. Quer sentir-se jovem e agir como jovem até o fim. Há uma recusa obstinada em aceitar o limite do tempo e a declinar dos papéis de protagonista. O sujeito quer ser o galã
A verdade é que os homens, a despeito dessas bravatas biológicas, são tão inseguros quanto as mulheres quando se trata de envelhecer. E provavelmente mais perdidos. Se a aparência enlouquece as mulheres, a vitalidade é a obsessão masculina. Sobretudo aquela vitalidade... Com o agravante de que o cara não pode sair por aí anunciando que está com problemas. Os homens não falam disso abertamente. Ou melhor, falam, para mentir uns aos outros.. A angústia masculina é solitária, enquanto a da mulher é pública,É isso. Não acontece apenas com as mulheres. Não dói menos nos homens. Não é mais fácil para eles. Talvez demore um pouco mais, mas chega da mesma forma – e os homens, acreditem, não estão preparados. Embora não pareça. Embora a generosidade das mulheres nos proteja.



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