Companheira, sei que você vai chorar quando ler esta carta, mas quero deixar de ver você por uns tempos. Vai ser difícil para mim, pois me acostumei à sua presença, porém não vejo mais motivos para continuarmos unidos. Não nego sua importância; em diversos momentos difíceis da minha vida você permaneceu comigo, mesmo quando todos se afastaram. Só que, com você, sinto que não ando para a frente. Esse seu pessimismo me atrapalha.
Tenho tentado evitar você de todas as maneiras, e isso não é legal. Ainda mais porque sei que se magoa por qualquer coisinha. Mas basta você chegar e lá se vai minha alegria. Não agüento mais os seus assuntos mórbidos, a sua cara desanimada. Até sexo, com você, ficou sem graça. Nada mais broxante do que gente que chora durante a transa.
Perdi anos de minha vida ao seu lado, tristeza, acreditando em tudo que você dizia. Que o amor não existe e o mundo não tem jeito. Você é péssima conselheira para suas parceria - que o digam a Marilyn e a Sylvia*. Agora, chegou a hora de dar chance à alegria, que há muito tem mostrado interesse em passar uns tempos comigo. Ela me elogia, sabe? Você? O único elogio que eu lembro de ter ouvido de você foi que eu fico bem de olheiras.
Veja bem: não estou dizendo que quero acabar com você para sempre. Sei que estou preso a você, de uma forma ou de outra, pelo resto da vida. E podemos muito bem ter os nossos momentinhos juntos, aos domingos ou em longas tardes de poesia. Só não posso é continuar à mercê dos seus péssimos humores, dia após dia, sabendo que você nunca irá mudar. Chega de fornecer moradia à sua pesada existência.
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