terça-feira, 23 de setembro de 2014

HOMEM E AMOR



A cena clássica começa com uma gravata apertada e um belo vestido branco com véu e grinalda. O padre abençoa a união e exige das duas partes envolvidas uma declaração pública, com testemunhas aos montes, de “ser fiel, amar e respeitar, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, seguindo amando e respeitando, até que a morte os separe”.não tem espaço pra dúvida  Mais comum do que a ausência de amor, mais comum do que a dúvida sobre o amor do outro por nós, é a dúvida que temos sobre os nossos próprios sentimentos em relação ao outro. Tente se lembrar: quantas vezes, diante dessa ou daquela sensação, deste ou daquele sentimento, você não se viu na mesma situação, perguntando a si mesmo, quase em voz alta: será que isso que eu estou sentindo é amor? Será que eu amo essa pessoa?
Quando se pensa no que o amor se tornou no início do século XXI, não me surpreende que seja tão difícil identificá-lo. O amor dos livros e do cinema é uma coisa enorme, única, transcendente, que, segundo as nossas mais sinceras expectativas, deve nos ligar ao parceiro perfeito, com quem permaneceremos, felizes – mortos de tesão e de ternura – pelos próximos 100 anos. O amor é nada menos, nada mais, do que o sentimento perfeito e totalizante, que toca a nossa alma e abala a nossa existência cotidiana. Ele tem a tarefa de nos carregar ao Céu e nos tornar feliz a cada mísero momento na Terra. O amor é o grande mito e a grande quimera do nosso tempo. Aquilo que todos procuram e ninguém está seguro de ter encontrado. Ou, nas palavras simples do jogador uruguaio Louco Abreu, o amor é foda.

“O ingrediente secreto do sexo é o amor”. Não quer dizer que o amor é mais nobre. Mas sugere que as emoções têm tempo e qualidade diferentes, Nem todo homem quer seu zíper aberto antes de uma boa conversa e alguns jantares pelo menos.Ele tem ereções,ele transa a noite inteira,mas continuará desejando algo mais...Não se constrói com o sexo o mesmo que se constrói com o amor. Não se extrai dele o mesmo grau de compromisso e nem a mesma dependência emocional. Quando o sexo com alguém começa a se tornar fundamental, deixou de ser apenas sexo. Virou carinho ou paixão. Ganhou um rosto. Sexo pode ser anônimo; amor tem identidade.

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