quinta-feira, 25 de setembro de 2014

UMA CACHORRA CHAMADA PITY


Desde de que  casei com a cris  e conheci a . pity fiquei apaixonado. Ela entrou na minha vida por insistência da minha mulher e virou parte da minha vida. .ela late quando eu chego, sobe na cama e cheira a minha cara quando acordo, também adora rock e solos de guitarra por isso o nome da roqueira ,ela  senta no meu colo quando estou lendo ou quando escrevo no computador. Eu falo com ela, brinco com ela, ralho com ela, dou comida e limpo sua caca. Ela me faz agradável  companhia quando estou sozinho. Em troca, compro religiosamente a ração e os petiscos cheiros  que ela tanto  aprecia.
O fato de ter um cachorrinha  não me torna um ser humano melhor, não me faz sentir uma espécie de ativista e nem desconta a minha culpa – enorme - por não fazer o que é preciso para melhorar a vida das pessoas desprotegidas do meu país. Não acho, evidentemente, que minha cachorrinha seja  tão importante  quanto as criaturas humanas que me cercam. Mas tê-la em casa me deixa contente. Cuidar dela e conviver com ela  é um  ato de prazer egoísta que me faz  bem, e que talvez faça bem a ela.

Também aprendo coisas com ela.
A primeira, óbvia, é que é bom cuidar dela. Pequenos rituais, como o de alimentar e tratar os bichos, são imensamente gratificantes. Não tomam tempo demais e nos fazem sentir necessários e úteis. Talvez algo em nós precise dessa responsabilidade sobre outra vida. Seres humanos necessitam de nós, claro, mas eles são complicados e imprevisíveis. Podem nos criticar, podem exigir demais de nós ou (infinitamente pior) podem virar as costas e ir embora. Cachorros  jamais. Eles não nos abandonam e não nos desapontam. À maneira deles, vivendo uma vidinha paralela em sua bolha canina, passam a vida conosco. É improvável que retribuam nossos ternos sentimentos, mas certamente precisam de nós. E isso basta.

pity, tem dez anos, é um turbilhão. Sobe em sofá e na cama , entra  de baixo do armário quando e chamada a atenção, brinca com as plantas do vaso até destruí-las. É impertinente e destemida, assim como curiosa. Quando se tenta tirá-la à força de algum lugar, ela reage com latidos repetivos  como se protestasse. Se eu grito com ela, ou tento fazer gestos para assustá-la, me encara com total indiferença. Como não teme as pessoas, se aproxima com facilidade. Permite que a gente a pegue no colo e brinque com ela. Outro dia, eu a segurei no chão pelas patinhas da frente e fiz barulho com a boca na barriga dela, como se faz com as crianças. Ela ficou perplexa.

pity me faz pensar como são felizes as pessoas destemidas. Elas estão mais relaxadas. Desfrutam melhor do mundo ao redor delas. Se alguém tentar incomodá-las ou feri-las, reagem e vão embora. É mais simples, não é?

Fico tentado a imaginar que a mulher ideal tem essa mistura, meiguice e impetuosidade Mas isso não existe, certo? A personalidade das pessoas não é construída para nos agradar ou para fazê-las mais desejáveis. Elas são como são. Imprescindíveis, adoráveis ou detestáveis à sua maneira. E alternadamente. 

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