Desde de que casei com a cris e conheci a . pity fiquei apaixonado. Ela
entrou na minha vida por insistência da minha mulher e virou parte da minha
vida. .ela late quando eu chego, sobe na cama e cheira a minha cara quando
acordo, também adora rock e solos de guitarra por isso o nome da roqueira ,ela senta no meu colo quando estou lendo ou quando escrevo no computador.
Eu falo com ela, brinco com ela, ralho com ela, dou comida e limpo sua caca.
Ela me faz agradável companhia quando
estou sozinho. Em troca, compro religiosamente a ração e os petiscos cheiros que ela tanto aprecia.
O fato de ter um cachorrinha não me torna um ser humano melhor, não me faz
sentir uma espécie de ativista e nem desconta a minha culpa – enorme - por não
fazer o que é preciso para melhorar a vida das pessoas desprotegidas do meu
país. Não acho, evidentemente, que minha cachorrinha seja
tão importante quanto as
criaturas humanas que me cercam. Mas tê-la em casa me deixa contente. Cuidar
dela e conviver com ela é um ato de prazer
egoísta que me faz bem, e que talvez
faça bem a ela.
Também aprendo coisas com ela.
A primeira, óbvia, é que é bom cuidar dela. Pequenos
rituais, como o de alimentar e tratar os bichos, são imensamente gratificantes.
Não tomam tempo demais e nos fazem sentir necessários e úteis. Talvez algo em
nós precise dessa responsabilidade sobre outra vida. Seres humanos necessitam
de nós, claro, mas eles são complicados e imprevisíveis. Podem nos criticar,
podem exigir demais de nós ou (infinitamente pior) podem virar as costas e ir
embora. Cachorros jamais. Eles não nos
abandonam e não nos desapontam. À maneira deles, vivendo uma vidinha paralela
em sua bolha canina, passam a vida conosco. É improvável que retribuam nossos
ternos sentimentos, mas certamente precisam de nós. E isso basta.
pity, tem dez anos, é um turbilhão. Sobe em sofá e na cama ,
entra de baixo do armário quando e
chamada a atenção, brinca com as plantas do vaso até destruí-las. É
impertinente e destemida, assim como curiosa. Quando se tenta tirá-la à força
de algum lugar, ela reage com latidos repetivos
como se protestasse. Se eu grito com ela, ou tento fazer gestos para
assustá-la, me encara com total indiferença. Como não teme as pessoas, se
aproxima com facilidade. Permite que a gente a pegue no colo e brinque com ela.
Outro dia, eu a segurei no chão pelas patinhas da frente e fiz barulho com a
boca na barriga dela, como se faz com as crianças. Ela ficou perplexa.
pity me faz pensar como são felizes as pessoas destemidas.
Elas estão mais relaxadas. Desfrutam melhor do mundo ao redor delas. Se alguém
tentar incomodá-las ou feri-las, reagem e vão embora. É mais simples, não é?
Fico tentado a imaginar que a mulher ideal tem essa mistura,
meiguice e impetuosidade Mas isso não existe, certo? A personalidade das
pessoas não é construída para nos agradar ou para fazê-las mais desejáveis.
Elas são como são. Imprescindíveis, adoráveis ou detestáveis à sua maneira. E
alternadamente.
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