terça-feira, 23 de dezembro de 2014

MINHA HISTÓRIA DE AMOR



O ano de 1984 foi importante na minha vida todos nos temos o ano que muda nossas vidas, aquele ano mudou a minha para sempre, em fevereiro, como é tradição, aconteciam os bailes pré-carnavalescos, o baile do Havaí ia acontecer ao redor da piscina do Clube Comercial, conhecido na cidade de Volta Redonda, cidade em que passei a maior parte de minha vida.
Havia muita gente ao redor da piscina e alguns acabaram sendo empurrados  para dentro da água, eu fui uma dessas pessoas, descuidado estava com dinheiro e documentos no bolso da bermuda e tudo acabou ensopado com o banho involuntário.  Chateado me despedi de alguns amigos e tomei a direção do portão de saída, pois para mim a festa havia acabado.
Quando estava me aproximando da roleta de saída uma mão surgiu na minha frente interrompendo minha saída. Era uma morena alta e bonita, disse que eu não poderia sair dali naquele estado, pois se tratava de uma festa e que eu não sairia dali sem que lhe desse um beijo, a situação me parecia meio surreal, mas vendo que ela estava falando sério resolvi ceder aos encantos da morena que beijei. Esse beijo se prolongou por alguns minutos, logo depois fomos ao restaurante do clube onde conversamos sobre esse encontro estranho sem paquera, pelo menos de minha parte.  Ela disse que já havia me observado por algum tempo, mas olhando meus amigos, observou que não tínhamos nenhum amigo em comum para sermos apresentados e pediu a uns amigos que diante de tantas pessoas sendo empurradas na piscina eu podia ser mais um.
Logo começamos a namorar sobre as vistas vigilantes de sua tia que era responsável pela morena de belo de sorriso, pois sua família estava no interior de Minas e ela estava em Volta Redonda para estudar.  Após este dia tantos os projetos dela como os meus foram mudados, com uma gravidez inesperada por descuido de dois jovens inebriados por sentimentos novos e indomáveis tivemos dois filhos aos quais demos os nomes de ruan e rayanne.
Hoje já se passaram dezesseis anos que a perdi por uma doença rara chamada de Lupos.  Vivi uma grande história de amor como nos filmes da TV.  Nas manhãs em que ela saia de casa primeiro, eu ficava na porta do apartamento esperando que ela saísse no portão.  Olhava minha mulher de cabelos molhados no meio do hall e sentia uma saudade enorme dela, que ainda estava ali, na minha frente. Então ela perguntava, divertida, “o que foi?” eu apenas sorria em silêncio.
Como explicar que o coração me subia à garganta, que separar-me dela me enchia de pressentimentos, que sofria de maneira besta e irremediável em meio à paz do casamento.  Se eu tivesse de explicar, não poderia. Não havia nada errado fora de mim. Ao contrário, ela parecia igualmente apaixonada, as vidas se misturavam como num rio, os dias transcorriam sem sobressaltos. Fazíamos planos. Inexplicavelmente, eu me inquietava.
Jamais fora tão feliz, dos meus amores de adolescente, nenhum durara tanto. Nunca o desejo e a ternura haviam se fundido na mesma mulher, por tanto tempo. Pela primeira vez, de forma exaltada e consciente, temia. Quando ela me abraçava de manhã, cheia de sono, esparramada sobre meu peito, sentia-me completo. Então, uma voz dentro de mim sussurrava: “Tudo acaba, isto pode acabar”. Nem todos os dias eram assim, havia brigas, chateações, irritações profundas. Às vezes, o convívio era um inferno. As personalidades colidiam, os gostos se estranhavam, mesmo os corpos – cansados ou tristes com a vida, talvez saudosos de novidades. Disso, eu não sentia saudades, eu pensava. Não seria assim tão duro se acabasse. Mas, se dela viesse um olhar triste, um gesto de dor ressabiado, eu me enchia de culpa. Voltava a sentir-me parte de algo estremecido, responsável último e refém da felicidade daquela criatura de olhos escuros que me fitava com medo – tão linda como eu nunca havia visto, tão amedrontada quanto eu no amanhecer do amor.


The End

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