Sou cheio de manias. Tenho carências insolúveis. Sou
teimoso. Hipocondríaco. Raivoso, quando sinto-me atacado. Não como cebola. Só
ando no banco da frente dos carros. Mas não imponho a minha pessoa a ninguém.
Não imploro afeto. Não sou indiscreto nas minhas relações. Tenho poucos amigos,
porque acho mais inteligente ser seletivo a respeito daqueles que você escolhe
para contar os seus segredos. Então, se sou chato, não incomodo ninguém que não
queira ser incomodado. Chateio só aqueles que não me acham um chato, por isso
me querem ao seu lado. Acho sim, que, às vezes, dou trabalho. Mas é como ter um
Rolls Royce, se você não quiser ter que pagar o preço da manutenção, mude para
um fusca.
Eu devo reconhecer que ninguém me conhece. Não realmente. Os
que mais sabem não sabem da metade. Não deixo todos os segredos escaparem de
mim, não mesmo. Uma delicadeza com os outros, eu diria, pois não quero assustar
as pessoas com meu passado. Em especial aquelas que continuaram gostando de mim
após o pouco que souberam. Mesmo porque aquela, que fez aquilo, nao está mais
aqui.
Detesto cheiro de mofo, casa velha e cachorro mal cuidado,
mas me pergunto quem gosta destas coisas? Isto não é uma exclusividade minha,
não é mesmo? Notei que nós brasileiros nos acomodamos com essa vida medíocre,
nos contentamos em apenas tornar público o que não gostamos, ninguém faz mais
manifestação, abaixo assinados, o que, diga-se de passagem, acho uma babaquice.
As pessoas da minha geração que curtiram os anos oitenta e noventa, foram
privilegiadas pegaram a Internet no começo e as informações que recebiam ainda
eram completas.
Essa geração do funk e do sertanejo universitário não sabe
que bandeira levantar, são pessoas que como a maioria desse país, não tiveram
um ensino de qualidade e deram de cara com a Internet, pegam uma coisinha aqui
e ali como papagaio repetidor, não sabem profundamente sobre nada só ficam na
superfície esperando a próxima onda. O Presidente fala errado, vamos todo mundo
falar erraduuuuu. Essa é a onda desse momento.
O MEC lançou a gramática do Lula para emburrecer mais ainda
nossa pobre educação, outro dia vi uma senhora falar que nunca ouviu o Lula
falar errado, quase brinquei com ela dizendo que quem fala elado a Mônica ou o
Cebolinha, mas com certeza ela não iria entender o que eu estaria falando, se
ela entende o Lula … Estudantes são chamados para lecionar nas escolas e quem
detém algum conhecimentos é considerado inovador e visto como profeta no meio
da burrice coletiva.
Na verdade não percebemos que, em algum lugar
dentro de todos nós, existe um Eu supremo que está eternamente em paz. Esse Eu
supremo é a nossa verdadeira identidade, uniersal e divina. Se você não
perceber essa verdade, dizem os iogues, estará sempre desesperado, ideia
expressa de forma inteligente na seguinte frase irritada do filósofo estoico
grego Epíteto: "Você leva Deus dentreo de si, seu pobre desgraçado, e não
sabe
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