quinta-feira, 28 de maio de 2015

A PROFESSORA



Se me perguntarem se lembro o nome de algum professor ou professora que tive desde o primário até a faculdade eu responderei seguramente que NÃO, exceto uma, somente uma professora, a que marcou a minha vida de aprendiz despertando em mim um talento adormecido.

No primário eu amava a escola, era o primeiro a chegar na aula e o último a sair. Minhas notas eram sempre as melhores da turma e normalmente me destacava nos trabalhos escolares bem como em atividades extra-classe. Foi nessa fase que construí uma boa base nas matérias essenciais, aquelas que, devido à sua essência, darão-nos conhecimentos que utilizaremos no resto de nossas vidas; matemática, português, ciências e geografia.

Naquela época, para passar do primário para o ginasial era necessário fazer um tal de "exame de admissão", como se fosse um mini vestibular. Somente depois de aferir o nível de conhecimento básico necessário é que se ingressava no ginasial. Caso esse nível não fosse atingido o estudante teria que aguardar mais um ano e tentar novamente, até que lograsse êxito. Pois passar nesse exame para mim foi de primeira, com nota superior a 9,0. Até então eu era o típico Caxias estudioso.

No segundo grau as coisas começaram a mudar, ingressei  Colégio Getúlio Vargas em volta redonda, excelente escola, mas devido à mudança das técnicas de ensino (acabou o maternalismo característico do ensino primário), meu interesse pelo aprendizado não era mais o mesmo, meu ânimo em sala de aula era lastimável, preferia ficar no pátio e arredores do colégio aprendendo a fumar e outras coisas mais - quase fui reprovado por faltas no primeiro ano. Tornei-me um aluno problema para o colégio e para meus pais. Isso repetiu-se também no segundo ano, mas eu ia passando porque bastava uma rápida lida nas matérias que copiava dos colegas e já estava em condições de conseguir as notas mínimas para passar de ano.

No terceiro ano eu já odiava todas as matérias e todos os professores, principalmente as terríveis aulas de Educação Artística e Educação Moral e Cívica. Mas foi nesse ano que tive a sorte e o privilégio de ser aluno de uma professora especial, daquelas que só existem UMA em cada mil. Dotada de um carisma inexplicável, um jeito atípico de ensinar, ela conseguiu o inimaginável, fez com que eu passasse a gostar da matéria de, pasmem, PORTUGUÊS.



Com a Professora  eu passei a me dar bem com os verbos e a conjugá-los adequadamente, a ter ortografia (quase) correta, desenvolver boa interpretação de textos,  adquirir leitura e dicção perfeitas e a fazer boas redações, enfim, não tornei-me um Machado de Assis mas conseguia escrever corretamente e colocar no papel as palavras numa sequência que dava a quem lia, condições de interpretar e entender com facilidade. O resultado de tudo isso foi o aprimoramento da criatividade, a capacidade de verbalizar experiências reais e fictícias.

Com seu jeito carinhoso e dedicado a Professora  abriu-me os olhos e mostrou-me o prazer da escrita, de registrar para sempre no papel as minhas idéias e meus pensamentos, tornando-os imortais e modificando-me para ser uma pessoa melhor, mais interessado com as coisas da vida. Se hoje você tem a oportunidade de compartilhar o que escrevo neste blog, devemos muito a ela.



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