Se me perguntarem se lembro o nome de algum professor ou
professora que tive desde o primário até a faculdade eu responderei seguramente
que NÃO, exceto uma, somente uma professora, a que marcou a minha vida de
aprendiz despertando em mim um talento adormecido.
No primário eu amava a escola, era o primeiro a chegar na
aula e o último a sair. Minhas notas eram sempre as melhores da turma e
normalmente me destacava nos trabalhos escolares bem como em atividades
extra-classe. Foi nessa fase que construí uma boa base nas matérias essenciais,
aquelas que, devido à sua essência, darão-nos conhecimentos que utilizaremos no
resto de nossas vidas; matemática, português, ciências e geografia.
Naquela época, para passar do primário para o ginasial era
necessário fazer um tal de "exame de admissão", como se fosse um mini
vestibular. Somente depois de aferir o nível de conhecimento básico necessário
é que se ingressava no ginasial. Caso esse nível não fosse atingido o estudante
teria que aguardar mais um ano e tentar novamente, até que lograsse êxito. Pois
passar nesse exame para mim foi de primeira, com nota superior a 9,0. Até então
eu era o típico Caxias estudioso.
No segundo grau as coisas começaram a mudar, ingressei Colégio Getúlio Vargas em volta redonda,
excelente escola, mas devido à mudança das técnicas de ensino (acabou o
maternalismo característico do ensino primário), meu interesse pelo aprendizado
não era mais o mesmo, meu ânimo em sala de aula era lastimável, preferia ficar
no pátio e arredores do colégio aprendendo a fumar e outras coisas mais - quase
fui reprovado por faltas no primeiro ano. Tornei-me um aluno problema para o
colégio e para meus pais. Isso repetiu-se também no segundo ano, mas eu ia
passando porque bastava uma rápida lida nas matérias que copiava dos colegas e
já estava em condições de conseguir as notas mínimas para passar de ano.
No terceiro ano eu já odiava todas as matérias e todos os
professores, principalmente as terríveis aulas de Educação Artística e Educação
Moral e Cívica. Mas foi nesse ano que tive a sorte e o privilégio de ser aluno
de uma professora especial, daquelas que só existem UMA em cada mil. Dotada de
um carisma inexplicável, um jeito atípico de ensinar, ela conseguiu o
inimaginável, fez com que eu passasse a gostar da matéria de, pasmem,
PORTUGUÊS.
Com a Professora eu
passei a me dar bem com os verbos e a conjugá-los adequadamente, a ter ortografia
(quase) correta, desenvolver boa interpretação de textos, adquirir leitura e dicção perfeitas e a fazer
boas redações, enfim, não tornei-me um Machado de Assis mas conseguia escrever
corretamente e colocar no papel as palavras numa sequência que dava a quem lia,
condições de interpretar e entender com facilidade. O resultado de tudo isso
foi o aprimoramento da criatividade, a capacidade de verbalizar experiências
reais e fictícias.
Com seu jeito carinhoso e dedicado a Professora abriu-me os olhos e mostrou-me o prazer da
escrita, de registrar para sempre no papel as minhas idéias e meus pensamentos,
tornando-os imortais e modificando-me para ser uma pessoa melhor, mais interessado com as coisas da vida. Se hoje você tem a oportunidade de compartilhar o que
escrevo neste blog, devemos muito a ela.
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