segunda-feira, 24 de agosto de 2015

ANALFABETO AFETIVO

No interior de cada homem há dezenas de outros. Seu pai, seus irmãos, seus amigos, seus vizinhos. Há o tio que bebe, há o primo que bate, há o cara que seduz as mulheres.

Dentro de cada homem há o Homem de Ferro, Capitão Kirk, Don Draper, Rodrigo Cambará e Bentinho. Há também Jesus Cristo, Carlos Marighela e Lincoln.

E estes formam apenas a primeira fileira.

Mais atrás, espiando, estão todos os outros homens da idade dele, da cultura dele, do planeta dele, opinando, apontando, julgando.
Um homem nunca está sozinho. Traz com ele uma multidão de outros homens para dar palpite sobre o que é ser homem.

Por isso é tão difícil responder quando as mulheres perguntam o que os homens querem.


Eles não sabem exatamente. Passam a vida tateando no escuro, em busca de aprovação da assembleia dentro deles. Às vezes vão numa direção e logo avançam noutra, ziguezagueando em busca de consenso interior.
De um lado está o prazer, que as vozes dentro dele prometem ser inesgotável. De outro, o impulso de amar e construir, manchado pelo medo de não ser capaz. Entre esses dois extremos transcorre a vida masculina.
Será tão diferente com as mulheres?
De qualquer forma, uma mulher que ame um homem deveria saber em que polo ele se encontra.
Se o sujeito passou dos 30 anos e ainda acha que a coisa mais importante da vida é ter uma mulher por semana, é um analfabeto afetivo.
De um lado está o prazer, que as vozes dentro dele prometem ser inesgotável. De outro, o impulso de amar e construir, manchado pelo medo de não ser capaz. Entre esses dois extremos transcorre a vida masculina.

A cabeça dos homens que gostam das mulheres não funciona com hierarquia de beleza ou de sedução. Ele é sensível à beleza da mulher de quem ele gosta. Tem tesão das pernas dela, acha ela sensual quando a vê na rua, não consegue tirar as mãos do corpo dela mesmo em público. Isso é estar apaixonado. De alguma forma ela o complementa. É um sentimento forte que não depende da beleza da mulher na outra calçada. Ponto.
Quando entra em cena, o amor, com seu arsenal de arrebatamentos, silencia a turba interior masculina e dá à vida uma dimensão épica. Por algum tempo, homem e mulher se sentirão tomados um pelo outro. Os beijos serão longos e o sexo será como entre anjos obscenos. Feliz. Os compromissos se tornarão naturais.


Se a pessoa que você deseja, homem ou mulher, nunca foi capaz de chegar a esse ponto com você, jogue os dados novamente e mova-se para outra casinha. Já perdeu tempo demais.

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